Fecho o guarda-chuva ensopado sob as biqueiras que me gelam o dorso com a ânsia de quem foge da chuva e busca a chave da porta onde esbarrou. O guarda-chuva que foge ao vento. A chave? Os sacos que se molham no chão. A chave? Os papeis cedem à mão sôfrega na mala molhada. A chave? Raios! E Raio! E conto 1, 2, 3, 4, 5... O carro do lixo que pára mesmo em frente... Troada! Rebatida! Batida! Na queda! Da chuva... A chave?... Com'é qu'é?... Ah! olá Toni... Tá-s'a regar? olha que na' cresce mais!.. É! estou à procura da chave. E tudo bate certo, até parece um filme. Os pés molhados a correm-me no corpo por um fio fino de arrepio. Trespassa-me o cheiro da cidade em cada batida que o Toni dá no contentor. E a chuva é de sal. A chave?... A chave... Esta chuva... Eu conheço esta chuva que toca no algeroz. Ó ti’Maria! o qu’é que faz assim à chuva? a molhar-se toda! A chave, filha, perdi-a… não sei dela… Ó senhora! você já na’mora aqui... Perdi-a... Venha lá senhora, qu’eu levo-a daqui... A chave... A chuva é de sal.
1 comentário:
E agora! não sei como diz
E agora faltam-me as palavras
bebo a tua mensagem com o peito a descoberto
entre cheiros e águas procuro o teu olhar, tenho o sorriso de sal
beijo Obrigada
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