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20090528

torrEsmos

O cronista da rádio dissertava sobre torresmos.
Na habitual incursão ao seu próprio quotidiano, o cronista da rádio tinha por arte a transformação da frivolidade em substância delirante que, em fluente eloquência, me deixava traçado um sorriso quase idiota, doce. E frequente era chegar ao riso em cada manhã, tanto mais claro fosse o espelho onde me revia. E o som do torresmo prometia…
Eu até queria rir. A sério… queria.
O som do torresmo fritava-me o cheiro da memória.
O cronista da rádio dissertava sobre torresmos e a imagem do velho de um só dente saltou por detrás dos olhos e… Sabes como gosto de torresmos?... É como gostar por sempre ter gostado, desde gaiato. A tua avó já não me deixa comê-los por causa da ‘atenção’, mas aqui na festa aproveito… e ainda estão quentes. Quando tinha a tua idade, era o almoço que levava para a escola. Um quarto de pão, dois os três torresmos e duas laranjas. Era à quinta e à sexta-feira o almoço que mais gostava. Era o que havia… E ainda gosto.
O cronista da rádio dissertava sobre torresmos e eu até queria rir… a sério que queria.

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