São como arrepios que se me dão, de quando em vez, intensos e de uma estranheza só comparável a um déjà vu para além dos sentidos. Contam-se pelos dedos duma mão tais sucedidos em minha existência e sempre sem aparente testemunho, quando só, entro num qualquer local vazio de gente e se me chega presença, ou quando só, pego num qualquer objecto e mais que seu peso me pesa nas mãos. De inquietação, de receio, de intriga me ficou na memória cada um desses momentos e hoje lembro que há tanto tal não me acontece. Seja por mil ou talvez nenhuma razão, certo é que este sentir para além dos sentidos parece-me coisa distante, e tão próprio de se ser cru, tenro de emoções e pleno de ingenuidade, este longe à vista endurecida, hoje toque imune através dos calos de vida.
Mas este tal calafrio de que falo e que mais não acontece, de facto não aconteceu. Antes lembrou-me, mas não aconteceu. E talvez seja por aproximação ao conceito de estranheza no que se não pode inteiramente entender, tal me veio à memória num simples título de jornal: ‘As palavras são um lugar estranho’. Foi como se este título, que suou ligeiro com a leviandade de quem plana sobre as letras gordas dum jornal, se plantasse de manso como coisa indiferente, e sem que desde então deixasse de me acompanhar, permanece na sombra, ressoando, ligeiro, presente.
Dou por ele quando se afina de tempos a tempos noutras palavras cujo sentido apenas posso adivinhar, quando se ilumina no que por vezes ouço e que logo se oculta se de escuta me atrevo a nomear, quando se harmoniza ao me invadirem paisagens no acto de apenas estar, reencontrando o rasto do espanto, escrevendo-me por dentro a estranheza encerrada naquilo que seria suposto entender. Deixa assim de ser estranho que possa escrever sobre o que não pode sequer ser dito, que isso possa sequer fazer sentido para além do que fica simplesmente registado em caracteres reconhecíveis como palavras e que assim permaneçam até que, improvavelmente, cantem por si, noutros olhos.
E ao crer que nada disto é estranho, noto hoje, assim e aqui, que ainda não aprendi como se constrói um castelo de cartas.
Um dia contaram-me as palavras que o que se tem por fundamento nos impede de voar.
Seja. Tal como um castelo de cartas que possa apenas ser construído sobre nada.
Mas este tal calafrio de que falo e que mais não acontece, de facto não aconteceu. Antes lembrou-me, mas não aconteceu. E talvez seja por aproximação ao conceito de estranheza no que se não pode inteiramente entender, tal me veio à memória num simples título de jornal: ‘As palavras são um lugar estranho’. Foi como se este título, que suou ligeiro com a leviandade de quem plana sobre as letras gordas dum jornal, se plantasse de manso como coisa indiferente, e sem que desde então deixasse de me acompanhar, permanece na sombra, ressoando, ligeiro, presente.
Dou por ele quando se afina de tempos a tempos noutras palavras cujo sentido apenas posso adivinhar, quando se ilumina no que por vezes ouço e que logo se oculta se de escuta me atrevo a nomear, quando se harmoniza ao me invadirem paisagens no acto de apenas estar, reencontrando o rasto do espanto, escrevendo-me por dentro a estranheza encerrada naquilo que seria suposto entender. Deixa assim de ser estranho que possa escrever sobre o que não pode sequer ser dito, que isso possa sequer fazer sentido para além do que fica simplesmente registado em caracteres reconhecíveis como palavras e que assim permaneçam até que, improvavelmente, cantem por si, noutros olhos.
E ao crer que nada disto é estranho, noto hoje, assim e aqui, que ainda não aprendi como se constrói um castelo de cartas.
Um dia contaram-me as palavras que o que se tem por fundamento nos impede de voar.
Seja. Tal como um castelo de cartas que possa apenas ser construído sobre nada.
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